16 de fev. de 2011

Nada é permanente


Outro dia uma aluna, que na semana anterior chegou à aula queixando-se de muita dor, me falou o seguinte: “É muito bom quando a dor passa. É ótimo quando percebemos que ela não vai ficar para sempre.” Ela vinha de uma semana difícil, com uma porção de coisas acumuladas que geraram dores no corpo, insônia, entre outros. Nessa semana recebi um email de outra aluna explicando sua ausência nas últimas aulas, com uma lista de questões físicas e emocionais que lhe tem tirado o sono. Na mesma hora me veio à mente a frase acima. Respondi dando uma série de sugestões de coisas que ela poderia fazer em casa, e terminei dizendo que o mais importante era ela perceber que, por mais difícil que estivesse sendo, era apenas uma fase, e que, portanto, passaria.


Esse tema me fez lembrar um dos maiores ensinamentos que ouvi quando fiz o retiro de meditação Vipassana: o princípio da impermanência. Nada é permanente, pois tudo está constantemente em processo de mutação. Logo, não devemos ter aversão às sensações ruins que possam surgir, pois elas também passarão.

Quando temos algum problema, a tendência é focarmos a nossa atenção nele, seja para achar alguma solução, seja porque simplesmente nossa mente gosta de problemas, é uma linda forma de “estar por cima”. Porém, quando compreendemos que “até isso passará”, seja o que for, a coisa deixa de ter tanta importância. E, consequentemente, passa mais rápido. Se aquela minha aluna tivesse dado menos importância ao seu estado naquele momento, provavelmente o problema teria sido menor. E talvez ela nem tivesse ficado tão feliz quando ele passou.

Tudo passa: dor, tristeza, angústia, decepção... Até as alegrias são impermanentes. Estão, para que sofrer tanto por elas? “ah, até parece que é assim tão simples!” É simples sim! E por isso é tão difícil!

Escrevi esse texto algumas semanas atrás, e não postei porque faltou escrever sobre a experiência que tive, coincidentemente, no dia seguinte. Estava na praia, e na volta, tive a felicidade de pegar um trânsito de 5 horas pra voltar a São Paulo, num caminho que normalmente seria feito em duas horas e meia. Foi difícil, com certeza. Mas foi muito menos difícil do que poderia ter sido se eu e meu namorado tivéssemos nos estressado com a situação. Nossa escolha foi o silêncio. Porque nessas horas, é como se estivéssemos numa TPM turbo: qualquer coisa vira motivo para discussão. Ficamos algumas horas trocando pouquíssimas palavras, simplesmente esperando que em algum momento chegaríamos em casa. E quando chegamos (sim, chegamos, a situação chegou ao fim!), minha sensação era de gratidão por termos sido, através do silêncio e da espera, tão companheiros um do outro.

Terminando, deixo aqui uma frase que gosto muito, já ouvi algumas vezes como um provérbio indiano e já até postei no blog:

“ Se o problema tem solução, então não há porque se preocupar. Se o problema não tem solução, então não há também porque se preocupar.”

Namaste!